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quarta-feira, 19 de março de 2025

APP Sul começa a ganhar forma em Florianópolis [Atualização]


Esta matéria é uma atualização do conteúdo publicado em janeiro pelo site Aviação em Floripa, a respeito da implantação da APP Sul na Base Aérea de Florianópolis, um sistema que promete otimizar o controle do tráfego aéreo em toda a região Sul do Brasil. Na manhã da última sexta-feira (14/3), a Base Aérea de Florianópolis passou a ser subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), em substituição ao Comando de Preparo (COMPREP), Organização Militar a qual estava ligada desde fevereiro de 2022 O ato de transferência foi marcado por uma cerimônia reservada e sem a presença de público externo. A partir de agora, começam efetivamente, as obras que visam a adaptação do local escolhido para receber os equipamentos e toda a logística necessária para a implementação do projeto e a operação desta estrutura, que promete representar um avanço significativo na padronização e na segurança operacional.

A cerimônia militar, realizada na BAFL, contou com a presença do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, Oficiais-Generais do Alto-Comando da Aeronáutica e de outras Organizações Militares da FAB, além de militares da Guarnição de Aeronáutica de Florianópolis (GUARNAE-FL).

O evento contou com a presença do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Aviador Marcelo Kanitz Damasceno (à diretita). Ao seu lado, o Comandante da Base Aérea de Florianópolis, Coronel Aviador João Paulo Gomez Lima da Silva. Foto: Sgt Miguel/BAFL

Com a incorporação da Base Aérea de Florianópolis ao DECEA, o próximo passo será a concentração dos Centros de Controles de Aproximações (APP) Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre nas dependências da BAFL, visando aprimorar a segurança da navegação aérea, a eficiência operacional e a integração tecnológica. A expectativa é que a mudança permita um gerenciamento mais eficiente de mais de 200 mil tráfegos aéreos por ano. Nas palavras do Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros: “Essa transição promove a otimização dos recursos operacionais, patrimoniais e humanos, melhorando a coordenação e comunicação entre as equipes, reduzindo riscos e aumentando os índices de segurança, prioridade máxima do DECEA”.

Foto: SO Balderramas/BAFL

Foto: Sgt Miguel/BAFL

Quando se fala em monitoramento do espaço aéreo, para a grande maioria das pessoas, a primeira imagem que vem á cabeça, remete à Torre de Controle de um Aeroporto. Entretanto, o sistema que coordena e controla todas as atividades aéreas e aeronaves, tanto no solo como nos céus, sejam elas tripuladas ou não, é muito mais complexo e envolve uma extensa rede interligada, composta por um grande número de organizações e profissionais, dedicados diuturnamente, todos os dias do ano, em zelar pela segurança do voo, com o objetivo de que todos cheguem aos seus destinos. Uma destas estruturas, atende pelo nome de Controle de Aproximação, conhecido pela sigla APP (do inglês Approach Control). Ele é responsável pelo controle dos tráfegos aéreos e fornecer informações durante a chamada fase intermediária do voo, que acontece logo após a decolagem e vai até os momentos que antecedem o pouso de uma aeronave. Também monitora os tráfegos aéreos que estão de passagem sobre a sua área de atuação, cruzando o espaço aéreo. Cabe ao Controle de Aproximação, proporcionar a adequada separação entre as aeronaves, disciplinar, acelerar e manter ordenado o fluxo de tráfego aéreo, além de orientar e instruir as aeronaves na execução dos procedimentos de espera, saída e chegada aos aeródromos em sua jurisdição. Os principais aeroportos brasileiros, incluindo aqueles localizados em todas as capitais das Unidades da Federação brasileiras, possuem seu próprio APP, totalizando 41 estruturas deste tipo espalhadas pelo país.

As áreas sob a responsabilidade de um APP compreendem a fase intermediária do voo, iniciada logo após a decolagem e finalizada momentos antes do pouso de uma aeronave. Essa importante etapa do voo é composta por dois espaços aéreos bem definidos, chamados de CTR (Control Zone, ou Zona de Controle) e TMA (Terminal Control Area, ou Área de Controle Terminal). Infográfico: Aline Prete/DECEA/Divulgação

Vista do interior de uma sala de controle de tráfego aéreo em um APP. Foto: DECEA/Divulgação

No Brasil, o organismo responsável pelo controle do espaço aéreo, por prover serviços de navegação aérea que viabilizam os voos e a ordenação dos fluxos de tráfego aéreo é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), um dos braços da Força Aérea Brasileira e que tem sua sede na cidade do Rio de Janeiro. Em resposta ao aumento do volume de tráfegos aéreos, à maior diversidade de meios aéreos e aos recentes desenvolvimentos tecnológicos no campo da aviação, o DECEA instituiu o Programa SIRIUS, composto por uma série de empreendimentos com o objetivo de tornar o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), muito mais eficiente e seguro sobre os 22 milhões de quilômetros quadrados que abrangem a área sob responsabilidade e jurisdição da Força Aérea Brasileira, incluindo todo o território nacional e boa parte das águas do Atlântico Sul.

Estrutura atual do Sistema de Controle do Espaco Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Fonte: DECEA/Divulgação

Um dos empreendimentos do Programa SIRIUS é composto pela aglutinação dos Órgãos de Controle de Aproximação. Nesse sentido, a Região Sul do Brasil passará a receber um serviço centralizado de coordenação e monitoramento dos tráfegos aéreos sobre os três Estados, unificando a partir da capital catarinense, as operações dos APPs de Curitiba (APP-CT), Porto Alegre (APP-PA) e da própria Florianópolis (APP-FL), reunidos na APP Sul, que deve começar a funcionar integralmente a partir do próximo ano. Até lá, o atual sistema continua em pleno funcionamento e fornecendo o suporte necessário às operações aéreas. Uma outra consequência da implementação da APP Sul, será a desativação do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Florianópolis (DTCEA-FL), com suas funções sendo absorvidas e integradas à nova estrutura, que ficará sediada nas dependências da Base Aérea de Florianópolis.

Local escolhido para abrigar a APP Sul, em Florianópolis. Fonte da imagem: Google Earth



O local que irá abrigar a estrutura da APP Sul, são os centenários hangares existentes na Base Aérea de Florianópolis, construídos na década de 1920, quando o local pertencia à Marinha do Brasil, que ali operava o Centro de Aviação Naval de Florianópolis. Fotos: Marcelo Lobo da Silva (arquivo pessoal).

A escolha de Florianópolis para sediar a APP Sul se deve à localização geográfica, em posição  centralizada, cobrindo de forma mais efetiva todos os pontos da Região Sul. Florianópolis passa a ser a primeira Base Aérea em plena atividade da FAB a ser subordinada operacionalmente ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Recentemente a área outrora ocupada pela extinta Base Aérea de Recife também passou para o controle do DECEA, incorporada ao Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III). Segundo apuramos, a mudança do COMPREP para o DECEA não afetará o cotidiano de atividades da Organização Militar nem o papel exercido pela Base Aérea de Florianópolis dentro do Comando da Aeronáutica, continuando sua função primária em contribuir para a manutenção da soberania do espaço aéreo, ajudando na integração do território nacional, com vistas à defesa da Pátria. Dessa forma, a BAFL deverá seguir recebendo durante o ano, Exercícios Operacionais e as qualificações anuais das diversas Unidades Aéreas que compõem as Aviações da FAB, principalmente aquelas ligadas à missão de Busca e Salvamento (SAR). Quanto ao efetivo, certamente haverá um acréscimo de pessoal, em virtude da chegada dos profissionais que irão atuar diretamente na operação da APP Sul.

Nascida no calor dos combates da Segunda Guerra Mundial, a Base Aérea de Florianópolis (BAFL) é tão antiga quanto à própria Força Aérea Brasileira (FAB), criada em janeiro de 1941, oriunda da fusão entre os componentes aéreos do Exército e da Marinha. Naquele tempo, a aviação já se fazia presente na capital catarinense desde maio de 1923, quando a Marinha do Brasil, expandindo suas asas aos quatros cantos do país, implantou aqui um de seus Centros de Aviação Naval. Ativada oficialmente em 22 de maio de 1941, ao longo do tempo, a Organização Militar recebeu diversas denominações: Base Aérea de Florianópolis (1941-1942), 14º Corpo de Base Aérea de Florianópolis (1942-1944), Base Aérea de 2ª Classe de Florianópolis (1944-1947), Destacamento de Base Aérea de Florianópolis (1947-1970) e novamente Base Aérea de Florianópolis, designação que se mantém até os dias atuais. 

A história da BAFL é marcada por mudanças estruturais que contribuíram para sua evolução. Em 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, como visto, a unidade passou da Marinha do Brasil (MB) para a Força Aérea Brasileira. Em 2017, sua subordinação foi transferida do Comando-Geral do Ar (COMGAR) para a Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica (SEFA), retornando ao COMPREP em fevereiro de 2022. Em seu discurso, o atual Comandante da Base Aérea de Florianópolis, Coronel Aviador João Paulo Gomez Lima da Silva, destacou que: “Ao longo de todas essas mudanças, permanecemos firmes graças a um efetivo dedicado e obstinado. Agora, sob a estrutura do DECEA, a BAFL se alinha ainda mais ao trinômio de Defender, Controlar e Integrar. Seguiremos apoiando as unidades da FAB que operam aqui, garantindo a soberania do nosso espaço aéreo e a defesa da Pátria”. A partir de 14 de março de 2025, um novo capítulo começou a ser escrito na história da Base Aérea de Florianópolis.

Texto: Aviação em Floripa, com informações complementares da Força Aérea Brasileira.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

APP Sul começa a ganhar forma em Florianópolis

 

Muito em breve, a Base Aérea de Florianópolis (BAFL), vai passar por uma grande transformação, marcada pela troca de subordinação do Comando de Preparo (COMPREP) para o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Na primeira matéria do ano, nossos leitores vão conhecer detalhes e informações da APP Sul, que vai gerenciar daqui de Florianópolis, todo o tráfego aéreo da região Sul do Brasil. Boa leitura!


Quando se fala em monitoramento do espaço aéreo, para a grande maioria das pessoas, a primeira imagem que vem á cabeça, remete à Torre de Controle de um Aeroporto. Entretanto, o sistema que coordena e controla todas as atividades aéreas e aeronaves, tanto no solo como nos céus, sejam elas tripuladas ou não, é muito mais complexo e envolve uma extensa rede interligada, composta por um grande número de organizações e profissionais, dedicados diuturnamente, todos os dias do ano, em zelar pela segurança do voo, com o objetivo de que todos cheguem aos seus destinos. Uma destas estruturas, atende pelo nome de Controle de Aproximação, conhecido pela sigla APP (do inglês Approach Control). Ele é responsável pelo controle dos tráfegos aéreos e fornecer informações durante a chamada fase intermediária do voo, que acontece logo após a decolagem e vai até os momentos que antecedem o pouso de uma aeronave. Também monitora os tráfegos aéreos que estão de passagem sobre a sua área de atuação, cruzando o espaço aéreo. Cabe ao Controle de Aproximação, proporcionar a adequada separação entre as aeronaves, disciplinar, acelerar e manter ordenado o fluxo de tráfego aéreo, além de orientar e instruir as aeronaves na execução dos procedimentos de espera, saída e chegada aos aeródromos em sua jurisdição. Os principais aeroportos brasileiros, incluindo aqueles localizados em todas as capitais das Unidades da Federação brasileiras, possuem seu próprio APP, totalizando 41 estruturas deste tipo espalhadas pelo país.

As áreas sob a responsabilidade de um APP compreendem a fase intermediária do voo, iniciada logo após a decolagem e finalizada momentos antes do pouso de uma aeronave. Essa importante etapa do voo é composta por dois espaços aéreos bem definidos, chamados de CTR (Control Zone, ou Zona de Controle) e TMA (Terminal Control Area, ou Área de Controle Terminal). Infográfico: Aline Prete/DECEA/Divulgação

Vista do interior de uma sala de controle de tráfego aéreo em um APP. Foto: DECEA/Divulgação

No Brasil, o organismo responsável pelo controle do espaço aéreo, por prover serviços de navegação aérea que viabilizam os voos e a ordenação dos fluxos de tráfego aéreo é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), um dos braços da Força Aérea Brasileira e que tem sua sede na cidade do Rio de Janeiro. Em resposta ao aumento do volume de tráfegos aéreos, à maior diversidade de meios aéreos e aos recentes desenvolvimentos tecnológicos no campo da aviação, o DECEA instituiu o Programa SIRIUS, composto por uma série de empreendimentos com o objetivo de tornar o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), muito mais eficiente e seguro sobre os 22 milhões de quilômetros quadrados que abrangem a área sob responsabilidade e jurisdição da Força Aérea Brasileira, incluindo todo o território nacional e boa parte das águas do Atlântico Sul.

Estrutura atual do Sistema de Controle do Espaco Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Fonte: DECEA/Divulgação

Um dos empreendimentos do Programa SIRIUS é composto pela aglutinação dos Órgãos de Controle de Aproximação. Nesse sentido, a Região Sul do Brasil passará a receber um serviço centralizado de coordenação e monitoramento dos tráfegos aéreos sobre os três Estados, unificando a partir da capital catarinense, as operações dos APPs de Curitiba (APP-CT), Porto Alegre (APP-PA) e da própria Florianópolis (APP-FL), reunidos na APP Sul, que deve começar a funcionar integralmente a partir do próximo ano. Até lá, o atual sistema continua em pleno funcionamento e fornecendo o suporte necessário às operações aéreas. Uma outra consequência da implementação da APP Sul, será a desativação do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Florianópolis (DTCEA-FL), com suas funções sendo absorvidas e integradas à nova estrutura, que ficará sediada nas dependências da Base Aérea de Florianópolis.

Local escolhido para abrigar a APP Sul, em Florianópolis. Fonte da imagem: Google Earth



O local que irá abrigar a estrutura da APP Sul, são os centenários hangares existentes na Base Aérea de Florianópolis, construídos na década de 1920, quando o local pertencia à Marinha do Brasil, que ali operava o Centro de Aviação Naval de Florianópolis. Fotos: Marcelo Lobo da Silva (arquivo pessoal).

A escolha de Florianópolis para sediar a APP Sul se deve à localização geográfica, em posição  centralizada, cobrindo de forma mais efetiva todos os pontos da Região Sul. Florianópolis passa a ser a primeira Base Aérea em plena atividade da FAB a ser subordinada operacionalmente ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Recentemente a área outrora ocupada pela extinta Base Aérea de Recife também passou para o controle do DECEA, incorporada ao Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III). Segundo apuramos, a mudança do COMPREP para o DECEA não afetará o cotidiano de atividades da Organização Militar nem o papel exercido pela Base Aérea de Florianópolis dentro do Comando da Aeronáutica, continuando sua função primária em contribuir para a manutenção da soberania do espaço aéreo, ajudando na integração do território nacional, com vistas à defesa da Pátria. Dessa forma, a BAFL deverá seguir recebendo durante o ano, Exercícios Operacionais e as qualificações anuais das diversas Unidades Aéreas que compõem as Aviações da FAB, principalmente aquelas ligadas à missão de Busca e Salvamento (SAR). Quanto ao efetivo, certamente haverá um acréscimo de pessoal, em virtude da chegada dos profissionais que irão atuar diretamente na operação da APP Sul.

Nascida no calor dos combates da Segunda Guerra Mundial, a Base Aérea de Florianópolis (BAFL) é tão antiga quanto à própria Força Aérea Brasileira (FAB), criada em janeiro de 1941, oriunda da fusão entre os componentes aéreos do Exército e da Marinha. Naquele tempo, a aviação já se fazia presente na capital catarinense desde maio de 1923, quando a Marinha do Brasil, expandindo suas asas aos quatros cantos do país, implantou aqui um de seus Centros de Aviação Naval. Ativada oficialmente em 22 de maio de 1941, ao longo do tempo, a Organização Militar recebeu diversas denominações: Base Aérea de Florianópolis (1941-1942), 14º Corpo de Base Aérea de Florianópolis (1942-1944), Base Aérea de 2ª Classe de Florianópolis (1944-1947), Destacamento de Base Aérea de Florianópolis (1947-1970) e novamente Base Aérea de Florianópolis, designação que se mantém até os dias atuais. A partir deste 15 de janeiro de 2025, um novo capítulo começa a ser escrito na história da BAFL.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Retrospectiva 2024

 

2024 vai chegando ao fim e é hora de fazermos um balanço das atividades do site Aviação em Floripa. Um ano de conquistas, com momentos, imagens e reportagens marcantes, algumas delas, presentes na foto de capa desta retrospectiva. Com esta última publicação, foram 29 matérias produzidas, em sua grande maioria, referentes a assuntos ligados à Aviação Militar. Quanto às visualizações, os conteúdos do site receberam 105 mil acessos ao longo do ano, traduzidos em uma média diária de quase 300 pessoas conhecendo ou revisitando o acervo de matérias, representando um acréscimo de 20% em relação ao ano anterior. Pode parecer muito pouco, se compararmos esses números com outros canais e plataformas nacionais que se dedicam a produzir ou divulgar temas sobre Aviação Militar, entretanto, nosso foco não é quantidade e sim, qualidade de informação e de público. Nesse sentido, acreditamos que o objetivo foi cumprido com êxito. Nossos leitores tiveram a oportunidade de acompanhar Exercícios Militares, Eventos Aeronáuticos, acontecimentos e fatos importantes, dentro e fora de Florianópolis, através de matérias especiais, algumas delas, inéditas e exclusivas. 

Relembre conosco, a partir de agora, as principais reportagens publicadas durante o ano. Cada uma delas está retratada por uma imagem, contendo o mês em que foi lançada e um pequeno texto explicativo. Clicando sobre as imagens, você terá acesso ao conteúdo completo das matérias. 












Gostaríamos de deixar aqui registrado o nosso agradecimento aos amigos e leitores do site Aviação em Floripa. Todas as pautas e os conteúdos produzidos, são planejados e feitos com o objetivo único e exclusivo de trazer informação de qualidade ao nosso público. São vocês que nos movem para a frente e nos incentivam a querer melhorar e buscar sempre mais. Muito obrigado a todos que nos visitaram, deixaram suas impressões sobre os conteúdos publicados através de comentários no final das matérias, sugestões de pautas ou palavras de incentivo. Desejo a todos, um Feliz e Abençoado Natal e um Ano Novo repleto de realizações, para cada um de vocês. O trabalho continua! Vem muito mais por aí em 2025!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Coronel Camazano: o guardião da memória aeronáutica da FAB

 


No período em que estivemos em Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, durante o Exercício CRUZEX, surgiu a oportunidade em fazer uma visita a um dos maiores e mais renomados Historiadores Aeronáuticos brasileiros, o Coronel Aviador Reformado (Cel Av Refm) Aparecido Camazano Alamino. Conhecer pessoalmente este grande pesquisador e entusiasta da História da Aviação Militar do nosso país, em especial da Força Aérea Brasileira (FAB), era uma pauta antiga do site Aviação em Floripa que, enfim, tornou-se realidade. O Coronel Camazano mantém em sua casa, um espaço dedicado em contar a sua trajetória pessoal de mais de três décadas servindo como Piloto Militar, preservando também, uma parte importante da história da própria FAB. Encerrando o ano editorial do site Aviação em Floripa com chave de ouro, brindamos nossos leitores com esta matéria especial, onde vamos trazer detalhes da carreira do Coronel Camazano, além de apresentar o Memorial que recebe o seu nome.


Nascido em 1950, em Catanduva/SP, localizada a cerca de 400 km da capital paulista, Aparecido Camazano Alamino é filho de pais espanhóis, que se conheceram após imigrarem para o Brasil. Com pouca idade, mudou-se com a família para a cidade de São Paulo, nos arredores do Campo de Marte, um dos aeroportos mais antigos do Brasil. Sua infância foi marcada pela constante presença dos aviões, principalmente os modelos militares, pois o local abrigava também instalações da Força Aérea Brasileira. A convivência diária com a aviação, ajudou a despertar no jovem Camazano, a vocação aeronáutica e por consequência, o desejo de seguir na carreira militar. O caminho trilhado rumo aos céus, começou em março de 1969, pela Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), situada em Barbacena/MG, Instituição de Ensino da FAB equivalente ao atual Ensino Médio e responsável pela introdução dos alunos à vida militar. O primeiro contato com um avião, aconteceu três anos depois, em 1972, no Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM), em Natal/RN, voando inicialmente o Aerotec T-23 Uirapuru e depois o jato Cessna T-37C, aeronaves responsáveis naquela época, por ministrar, respectivamente, as instruções de voo Primária/Básica e Avançada. Após o CFPM, foram mais três anos na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga/SP, complementando a sua formação com mais horas de voo, além da parte acadêmica, com diversas outras disciplinas técnicas.

Camazano mostra com orgulho, uma réplica em escala do T-23 Uirapuru, o primeiro avião que voou.

Camazano formou-se na AFA em dezembro de 1975 e no início do ano seguinte, como Aspirante à Oficial Aviador, retornou a Natal/RN para o estágio operacional no Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE), especializando-se como Piloto de Ataque. Ali teve contato com o jato de treinamento avançado Embraer AT-26 Xavante, avião que marcou seus anos iniciais de atividade na FAB. Dentre todas as aeronaves que voou ao longo do seu tempo de serviço, foi o Xavante que ganhou um lugar especial em seu coração, principalmente o AT-26 com a matrícula FAB 4554, voado por Camazano no período em que serviu no Quarto Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (4º EMRA), em Cumbica/SP, entre os anos de 1978 e 1980. Naquele tempo, havia uma grande quantidade desses jatos na FAB e a aeronave em questão, era pilotada exclusivamente por ele, tendo inclusive seu nome pintado na fuselagem. Em mais de três décadas dedicadas à Força Aérea Brasileira, foram 5 mil horas de voo, acumuladas em diversos modelos de aviões e helicópteros. Além dos já citados, operou os Bell H-13, Bell UH-1H, U/L-42 Regente, T-25 Universal, T-27 Tucano, U-7 Seneca, C-95 Bandeirante em todas as versões cargueiras, VC-97 Brasília e Learjet 35A (veja infográfico). Camazano serviu em diversos Esquadrões e Organizações Militares da FAB, exercendo também, importantes funções administrativas, destacando-se nesse quesito, como  Assistente do Ministro da Aeronáutica, em 1990, na época, o Tenente-Brigadeiro do Ar Sócrates da Costa Monteiro, além de um período de dois anos (1991-92) na Bolívia, atuando como Assessor Acadêmico junto ao Colégio Militar de Aviação da Força Aérea daquele país. Também foi Comandante da Base Aérea de Campo Grande (BACG), entre os anos de 1999 e 2001, um dos últimos cargos que ocupou, antes de passar para a reserva, no posto de Coronel, em julho de 2003.

O infográfico acima mostra todas as aeronaves operacionais voadas por Camazano ao longo de sua carreira na Força Aérea Brasileira. Importante ressaltar que os modelos estão distribuídos de forma aleatória e não representam nenhuma linha do tempo ou ordem cronológica específica.

O AT-26 Xavante com a matrícula FAB 4554, avião que Camazano voava no 4ª EMRA.

Camazano nos tempos de Academia da Força Aérea, junto a um T-37C.

Desde o início da carreira como Oficial da Força Aérea, Camazano se preocupava em documentar e registrar tudo. Movido pela curiosidade em conhecer o significado das cores e símbolos utilizados pela Força Aérea Brasileira e, já naquela época, pelo sentimento da importância em salvaguardar a história da própria Instituição em que trabalhava, por onde passava, seja nas várias Organizações Militares em que serviu, nos deslocamentos pelo país cumprindo missões ou recebendo materiais de outras pessoas, ia colecionando objetos dos mais diversos tipos, que ajudavam a preservar a memória da FAB. Um dos acessórios que carregava consigo, era a máquina fotográfica, sempre pronta a registrar as aeronaves militares. Ao deixar o serviço ativo em 2003, Camazano fixou raízes em Natal e passou a dedicar-se em tempo integral às pesquisas aeronáuticas e à organização do seu vasto acervo sobre o tema. No escritório particular em sua residência, mantém uma biblioteca composta por inúmeras revistas e livros sobre Aviação Militar, dezenas de milhares de fotografias de papel e digitais, além de uma grande coleção de Emblemas, chamados de "bolachas", de todas as Organizações Militares da FAB e de Unidades da Marinha e do Exército, bem como de outros países, tudo catalogado e organizado de forma impecável.

Boletins do Ministério da Aeronáutica (BMA) de 1941 até 1982. Esses volumes registram todos os Atos, Portarias e documentos relacionados à Força Aérea Brasileira.


Álbuns fotográficos contendo imagens de diversos modelos de aeronaves militares brasileiras.

Coleção de Moedas Comemorativas.



Acervo de livros, coleções e revistas sobre Aviação.

Esses volumes guardam a grande coleção de "bolachas", divididos e organizados por cada uma das Aviações e suas diversas Unidades Aéreas, Organizações Militares da FAB, assim como Unidades da Marinha, Exército e de outros países.



O acervo de Camazano inclui não apenas os Emblemas atuais das Organizações Militares mas abrange toda a evolução histórica dos mesmos ao longo do tempo.

A coleção de "bolachas" contempla muitas raridades, como esse Emblema bordado da Primeira Ala de Defesa Aéreas (1ª ALADA), confeccionado na França, por ocasião da aquisição dos Mirage III para a FAB, no início da década de 70.

Com o objetivo de perpetuar sua trajetória na Força Aérea Brasileira, Camazano criou em sua casa, um Memorial que leva o seu nome, reunindo objetos que fizeram parte de sua história, além de prêmios, homenagens e condecorações recebidas ao longo da carreira. O espaço, oficialmente inaugurado em 25 de março de 2018, data do seu aniversário, reúne quadros com pinturas de todas as aeronaves voadas por ele, fardamentos, itens pessoais e muito mais. Com o tempo, sabendo do seu interesse por temas ligados à Aeronáutica e à Força Aérea Brasileira, passou a ganhar de outras pessoas, artigos diversos relacionados à aviação militar, dos quais alguns foram incorporados ao acervo. Camazano costuma receber a visita de amigos e convidados para uma boa prosa sobre seu tempo de serviço, suas experiências e as histórias e estórias da Força Aérea Brasileira, além de apresentar com muito orgulho, tudo que existe no local. Impossível para quem é apaixonado por aviação, não se encantar com seu entusiasmo, a organização e principalmente, com a quantidade de itens em exposição.

Vista da entrada do Memorial.


Como destaques na parede do Memorial, estão treze quadros nas dimensões de 40x60cm, retratando todos os modelos de aeronaves voadas por Camazano. As obras foram feitas utilizando-se a técnica de óleo sobre tela e são de autoria de Nélson Anaya, militar reformado da FAB e um dos maiores expoentes no Brasil em Arte de Aviação. Alguns dos quadros foram pintados pela filha de Camazano, Luciana, que é artista plástica e professora de música.

Em ordem cronológica, este quadro apresenta todas as Unidades Aéreas e Organizações Militares, nas quais Camazano serviu, durante sua carreira na Força Aérea Brasileira.


Brevês, Medalhas, Cadernetas de Voo e diversos outros itens que fizeram parte da carreira de Camazano na FAB, estão expostos por todo o Memorial. Destaque para o manche do jato AT-26 Xavante, sobre o balcão.

Coleção de canecas de todas as edições do Exercício CRUZEX.

Diplomas, prêmios e homenagens recebidas.

Livros de sua autoria publicados.

Estas prateleiras apresentam, de forma separada, todos os equipamentos que faziam parte do painel de instrumentos do AT-26 Xavante.

Em primeiro plano, o assento ejetável do AT-26 Xavante. Atrás, o último macacão de voo utilizado por Camazano e o seu capacete.

Camazano tem uma agenda bastante ocupada. Além de se dedicar às suas pesquisas pessoais, diariamente recebe pelo menos dois pedidos de informações, imagens de aeronaves ou emblemas, de profissionais de imprensa, estudantes acadêmicos ou interessados por aviação. Além disso, frequentemente é convidado a proferir palestras sobre a história da Força Aérea Brasileira aos alunos dos Cursos de Especialização Operacional das Aviações de Caça, Asas Rotativas e de Transporte, que todos os anos chegam à Base Aérea de Natal, oriundos da Academia da Força Aérea (AFA). Ele também contribui com a Revista Asas, sendo responsável pela "Coluna do Camazano", onde traz informações de bastidores da FAB, além de publicar em cada edição da revista, artigos sobre uma aeronave específica, utilizada pela FAB, Aviação Naval ou Aviação Militar, onde a sua história é abordada em detalhes, com fotos inéditas e desenhos em perfil, trazendo os diferentes padrões de pintura que utilizaram, ajudando dessa forma, os plastimodelistas brasileiros que, através de suas matérias, encontram uma fonte de consulta valiosa para a montagem dos modelos em escala. Camazano possui onze livros publicados e também é autor de três opúsculos editados pelo Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER). Além disso, participou de inúmeras obras de outros pesquisadores, fornecendo fotos ou consultoria técnica. A qualidade do seu trabalho pode ser medida pela conquista de três Prêmios Santos-Dumont de Jornalismo, promovido pelo INCAER, recebidos por monografias na categoria "História da Aviação".

Um exemplo de pesquisa histórica detalhada, mostrando todos os Esquadrões de Patrulha dos Estados Unidos que atuaram em Natal, durante a Segunda Guerra Mundial.

Como reconhecimento por todo o seu trabalho em prol da divulgação da aviação, em 2016, Camazano passou a integrar o seleto grupo de Conselheiros do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), vinculado à FAB e o principal organismo do país dedicado a preservar a história da Força Aérea Brasileira. Recentemente finalizou um minucioso estudo que resultou na confecção de um banner, contendo uma linha do tempo com todas as Unidades Aéreas, Emblemas e aeronaves dos Estados Unidos que atuaram em Natal/RN, durante a Segunda Guerra Mundial. Para este Editor, é uma honra e motivo de grande satisfação partilhar de sua amizade e poder contar com o auxílio deste grande historiador e pesquisador aeronáutico em diversas reportagens especiais publicadas pelo site Aviação em Floripa. Esta matéria que você acabou de ler, é um tributo e uma homenagem a esta pessoa, que serviu com grande distinção e entusiasmo à Força Aérea Brasileira e se dedica em tempo integral à preservação e divulgação de sua rica história. Este conteúdo é também uma oportunidade para que nossos leitores possam conhecer um pouco de sua vida e obra, sintetizadas em seu Memorial. Não poderíamos encerrar de forma melhor, o ano editorial do site.