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terça-feira, 16 de abril de 2024

Resgate na água com o Esquadrão Pantera


Durante o Exercício Técnico (EXTEC) Pantera, que acontece de 1 a 19 de abril na Base Aérea de Florianópolis, surgiu a oportunidade para o site Aviação em Floripa acompanhar uma missão de resgate na água, a partir do bote inflável utilizado no apoio ao treinamento e para o transporte de militares até o local do treinamento. Convém dizer que já havíamos realizado esta mesma atividade em 2022, durante o Exercício Operacional Carranca, porém, a bordo de um helicóptero H-60L Black Hawk pertencente ao 2º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação (2º/10º GAv), o Esquadrão Pelicano, sediado em Campo Grande/MS (clique no banner abaixo para acessar esta matéria). Agora, seguimos com o "5º do 8º", outra Unidade Aérea da FAB que opera com o mesmo modelo de aeronave e, desta vez, de um ponto de vista diferente, ou seja, da água, onde toda a ação acontece. À convite do Esquadrão Pantera, na ensolarada manhã do dia 10/4, uma quarta-feira, tivemos o privilégio em presenciar um desses treinamentos de resgate nas águas da Baía Sul. Antes de mais nada, esta matéria é uma homenagem do site Aviação em Floripa a estes abnegados anjos que voam sem asas, dedicados a um único propósito: "Para que outros possam viver!". Acompanhe então, conosco, a partir de agora, através de imagens, como foi esta incrível experiência.


Clique sobre o banner para ver o conteúdo referente à missão de resgate a bordo do H-60L.

Nota Editorial: Com o objetivo de tornar a leitura mais dinâmica, esta matéria será apresentada aos nossos leitores na forma de reportagem fotográfica, contendo abaixo de cada imagem, sempre que necessário, uma legenda com os detalhes do treinamento, além de informações complementares.


Helicóptero H-60L Black Hawk no pátio da Base Aérea de Florianópolis, sendo preparado para os voos do dia.

Na configuração para resgate, o interior do H-60 conta com todos os equipamentos necessários para a missão, além de kits médicos e de suporte à vida, com o objetivo de dar o primeiro atendimento às vítimas.

Em locais onde não é possível o pouso do helicóptero, utiliza-se o guincho de resgate, com capacidade para içar uma carga total de cerca de 270 kg.

Local onde os militares de resgate se equipam para a atividade.

Para o resgate com o uso da maca, é utilizado um boneco com tamanho e peso aproximados de uma pessoa adulta.

Bote inflável para o transporte e apoio ao treinamento.

Na missão que o site Aviação em Floripa acompanhou, foram escaladas sete "vítimas" para o resgate na água. Todos são Soldados que trabalham na Base Aérea de Florianópolis e que se voluntariaram para auxiliar e participar do treinamento.

Toda a equipe que participou da missão, além da Aspirante Dalla-Lana, Chefe da Seção de Comunicação Social da BAFL, que nos acompanhou e responsável pelo registro desta foto. O dia estava perfeito para o registro de imagens para a matéria, com tempo bom e vento calmo.


A caminho do local do treinamento, distante cerca de 3 km da prainha em frente à Base Aérea.

Uma visão diferente da Ponte Hercílio Luz, o principal cartão-postal de Florianópolis e que também serve de inspiração para o logo do site.

O exercício que acompanhamos faz parte da reciclagem e/ou qualificação anual dos tripulantes e homens de resgate do Esquadrão Pantera. Uma prática que requer uma boa dose de perícia, coordenação, concentração e muito treinamento. Somente quem um dia já necessitou do socorro que vem do céu, sabe o quanto é importante o trabalho desempenhado por estes militares. Embora à primeira vista possa parecer algo relativamente simples, aproximar o helicóptero, pairar sobre a vítima e trazê-la a bordo por meio do guincho, existem diversos fatores que devem ser observados e que podem dificultar a ação de resgate, por exemplo, a meteorologia, o local da ocorrência e o estado clínico da vítima. As equipes de Busca e Salvamento da FAB estão preparadas para executar resgates, com ou sem condição de pouso do helicóptero, sobre terra, mar ou em embarcações, tanto de dia quanto à noite, neste caso, com o emprego de Óculos de Visão Noturna, situação que requer muita prática e entrosamento de todos a bordo. Em Florianópolis, as atividades estão concentradas em resgates na água sem a possibilidade de pouso, técnica chamada de Kapoff, desenvolvida pelos ingleses e introduzida na FAB, a partir dos anos 80. 


Quando se trata da atividade de Busca e Salvamento, estão sempre a bordo do helicóptero H-60L Black Hawk, dois Pilotos e pelo menos quatro militares graduados da Unidade Aérea, entre operador do guincho, mecânico ou observador, além de dois ou mais "resgateiros", como são conhecidos na FAB, os profissionais que realizam a descida para o atendimento à(s) vítima(s). A partir de agora, apresentamos aos nossos leitores, um pouco do que presenciamos. 

A primeira situação envolveu o resgate de uma pessoa à deriva no mar, por queda de embarcação ou naufrágio, por exemplo. Um a um, os militares voluntários no bote foram para a água à espera do salvamento. Durante o treinamento, a fim de marcar a posição para a tripulação do helicóptero, é lançado um sinalizador de fumaça na água ou o próprio bote executa alguns círculos em volta da pessoa. Lentamente a aeronave se aproxima a baixa altura e o resgateiro desce por intermédio do guincho, conduzido pelo operador do equipamento a bordo. Se a vítima está consciente e sem fraturas ou lesões, ela é envolvida pela alça de içamento e trazida para cima acompanhada pelo socorrista. O constante treinamento faz com que toda a ação aconteça de forma rápida, eficiente e segura. Em questão de poucos minutos, a vítima já está a salvo no interior do helicóptero.










Um tipo de ocorrência mais delicada e complexa acontece quando a vítima está inconsciente, sofreu ejeção de aeronave ou apresenta suspeita de lesão ou fratura na coluna. Nestas situações, é utilizado o resgate por meio da maca. Para o treinamento, é utilizado um boneco ou manequim, simulando uma pessoa inconsciente. A ação requer o envolvimento de dois membros da equipe de resgate na água e apresenta um nível maior de dificuldade, pois todo o atendimento e os procedimentos de estabilização  da vítima são realizados em uma superfície volátil e instável, com a preocupação de não agravar o quadro de saúde da mesma. Além disso, tudo acontece sob o efeito de uma alta carga de vento descendente gerada pelo rotor principal do helicóptero, pairado a poucos metros de distância.

Primeiramente desce um militar para avaliar a situação da vítima. Após esta verificação inicial, ocorre então a descida do segundo resgateiro com a maca. A fim de minimizar o efeito da corrente de ar descendente e não prejudicar a ação do resgate, o helicóptero mantém-se próximo, porém, não exatamente sobre o local onde a vítima se encontra. Trabalhando a quatro mãos, rapidamente a vítima é estabilizada e colocada sobre a maca, sendo em seguida conduzida para o interior da aeronave acompanhado de um dos resgateiros. O outro permanece na água, aguardando sua vez de embarcar a bordo. Diferente do resgate com a alça de içamento, neste caso, o processo é mais demorado, haja vista os procedimentos e cuidados a mais que se deve ter para preservar ou não agravar o estado de saúde vítima.

















O site Aviação em Floripa agradece à Força Aérea Brasileira, através do Esquadrão Pantera, pela oportunidade em poder acompanhar este importante treinamento. Agradecimento também à Comunicação Social da Base Aérea de Florianópolis pelo acesso, facilidades e acompanhamento de seus profissionais, durante os dois dias em que estivemos presentes, colhendo informações e imagens para as matérias.


quarta-feira, 10 de abril de 2024

Esquadrão Pantera em Florianópolis

 


Entre os dias 1 e 19 de abril, a Base Aérea de Florianópolis (BAFL) está recebendo o Exercício Técnico (EXTEC) Pantera, com a presença de aeronaves H-60L Black Hawk e militares do 5º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação (5º/8º GAv), também conhecido como Esquadrão "Pantera", Unidade Aérea pertencente à Aviação de Asas Rotativas da FAB, sediada em Santa Maria/RS. O objetivo principal do treinamento é aperfeiçoar as tripulações e equipes de resgate nas diversas técnicas que envolvem missões de Busca e Salvamento (SAR) em ambiente aquático, além de qualificar os integrantes recém-chegados à Unidade Aérea nesta atividade, uma das muitas realizadas pelo Esquadrão. A manobra também serve como um apronto para o Exercício Operacional (EXOP) Carranca, considerado o maior treinamento de Busca e Salvamento da América Latina, marcado para ocorrer durante o mês de maio, também em Florianópolis, o qual deve contar com o Esquadrão Pantera, entre os participantes.

Nota Editorial: A Força Aérea Brasileira define Exercício, como uma atividade militar conjunta ou singular, envolvendo forças reais ou fictícias, que tem por objetivo o preparo do pessoal militar para o cumprimento de Ações de Força Aérea específicas, sob a direção de uma Base Aérea designada. No âmbito do Comando de Preparo (COMPREP), que é o braço operacional e de pronto emprego da FAB, eles são subdidivididos em três tipos: Exercício Técnico (EXTEC), abrangendo o treinamento individual de uma Unidade Aérea ou focado em um único tipo de missão ou objetivo. Treinamentos de maior envergadura, reunindo meios aéreos distintos e envolvendo as diversas Aviações e Esquadrões, recebem as denominações de Exercício Operacional (EXOP) ou Exercício Conjunto (EXCON). Estes dois últimos, obrigatoriamente contam com uma estrutura própria de Comando e Planejamento, chamada de Direção do Exercício (DIREX), um cenário tático fictício e podem ter a participação de Unidades Militares da FAB, Marinha e/ou Exército.

Para a realização do seu treinamento, este ano o Esquadrão Pantera deslocou para a capital catarinense uma estrutura completa, composta por cerca de 50 militares do seu efetivo, entre tripulações, equipes de resgate, mecânicos, especialistas de diversas áreas, incluindo pessoal administrativo. Duas aeronaves H-60L Black Hawk estão em Florianópolis, uma delas, destinada ao treinamento e a outra permanecendo de prontidão 24h, cobrindo daqui, o Alerta SAR da região Sul do Brasil em apoio ao SALVAERO Sul, uma das muitas atribuições da Unidade Aérea. Durante o período do treinamento, haverá também o rodízio das tripulações e demais militares diretamente envolvidos nas atividades, oportunizando que um maior número de integrantes do Esquadrão, recebam este tipo de formação. Importante ressaltar que essa capacitação tem validade de um ano. Após este período, todos devem passar novamente pelo treinamento. Este é o motivo pelo qual, uma vez por ano, o Esquadrão Pantera vem a Florianópolis praticar as técnicas de resgate em ambiente aquático.





O deslocamento do Esquadrão Pantera para a capital catarinense fez com que a aeronave de Alerta SAR também viesse para a Base Aérea de Florianópolis.

Com relação ao treinamento em si, dois tipos de missões compõem os objetivos principais da manobra, envolvendo cenários de resgate de pessoas na água e a Evacuação Aeromédica (EVAM) de tripulantes em embarcações. No primeiro caso, a localização da "vítima" na água é demarcada com o uso de um sinalizador de fumaça, que serve também para indicar a direção e intensidade do vento. De acordo com a condição da pessoa a ser resgatada, utiliza-se a alça de içamento ou a maca (em situações mais graves, como por exemplo, se houver suspeita de lesão ou fratura de coluna. Está previsto no treinamento ainda, nos próximos dias, missões conjuntas com a Marinha do Brasil, simulando o resgate em embarcação. Para tal, o Esquadrão Pantera deslocará sua aeronave para Navegantes, litoral norte catarinense, a fim de operar com o Navio de Apoio Oceânico (NApOc) G-150 "Mearim". Neste caso, o procedimento de resgate é muito semelhante ao feito na água, podendo o tripulante ser resgatado pela alça de içamento ou com o auxílio da maca. Em ambas as situações, ou seja, tanto no resgate sobre a água ou embarcação, a aeronave permanece todo o tempo em voo pairado a baixa altitude, demandando grande concentração dos pilotos.

Conjunto de imagens mostrando o treinamento nas águas da Baía Sul, em Florianópolis.

Pode se dizer que o Esquadrão Pantera é um visitante frequente na capital catarinense, com a Base Aérea de Florianópolis sendo quase como sua segunda "casa". Desde os tempos em que operava com o lendário e saudoso H-1, a Unidade Aérea costuma se deslocar do interior gaúcho para o litoral catarinense, uma ou duas vezes por ano, a fim de realizar seus exercícios focados em missões de Busca e Salvamento ou de Tiro Aéreo, conhecidos anteriormente pelos nomes de "Guasca" e "Mata-Pato", respectivamente. A escolha por Florianópolis não é por acaso, pois a Ilha de Santa Catarina reúne as condições ideais para a prática dessas atividades, principalmente de resgate em ambiente aquático, com as calmas e abrigadas águas da Baía Sul, bem em frente à Base Aérea, servindo de cenário perfeito para os treinamentos. Além disso, a proximidade com o local, distante a poucos minutos de voo, resulta em substancial economia de combustível e maior tempo de treino. Soma-se a isso, o apoio logístico (alimentação e hospedagem para os militares, segurança e manutenção para as aeronaves), fornecido pela Base Aérea de Florianópolis. Sem ter uma Unidade Aérea orgânica desde 2017, quando o Esquadrão Phoenix foi transferido para Canoas/RS, de lá para cá, a BAFL se dedica em ser a casa de todas as Unidades Aéreas da FAB, atendendo-as com eficiência, profissionalismo e hospitalidade, virtudes sempre elogiadas e registradas com satisfação por todos que por lá passam.











No transcorrer do treinamento, uma situação real colocou à prova o Serviço de Busca e Salvamento da Força Aérea Brasileira. No final da manhã de quarta-feira (3/4), uma aeronave de pequeno porte havia decolado do Aeroclube de Santa Catarina (SSKT), localizado em São José, município da Grande Florianópolis, para a cidade de Videira, no meio oeste catarinense, entretanto, a falta de contato com os órgãos de controle aéreo e a ausência do pouso no destino final, deram início às buscas pelo monomotor, já na tarde do mesmo dia. Acionado pelo Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), um SC-105 Amazonas SAR do 2º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação, com sede em Campo Grande/MS, avião especializado neste tipo de missão, se deslocou para Florianópolis e imediatamente começou o trabalho para localizar a aeronave. Graças à pronta resposta, ao empenho e experiência dos militares da FAB e aos equipamentos a bordo do SC-105 Amazonas, no dia seguinte o avião foi encontrado, na área rural do município catarinense de Ponte Alta do Norte, distante cerca de 70 km de Videira. O piloto, que viajava sozinho, foi resgatado com vida pela equipe a bordo do helicóptero H-60 do Esquadrão Pantera e trazido para a capital catarinense, sendo encaminhado ao Hospital Celso Ramos em Florianópolis, de forma a receber os cuidados médicos necessários.

O SC-105 Amazonas, operando com o código SAR 6552, iniciou as buscas por áreas da Grande Florianópolis, realizando padrões de busca do tipo "pente". Após receber informações, deslocou-se para a localidade que aparece no alta da imagem, onde finalmente a aeronave foi encontrada. Fonte da imagem: print de tela do site FlightRadar24.

Acima, é possível observar a aeronave SC-105 sobrevoando o local da queda, aguardando a chegada do helicóptero H-60 Black Hawk. No círculo em destaque, a cidade de Ponte Alta do Norte. Fonte da imagem: print de tela do site FlightRadar24.

No total, as duas aeronaves da FAB voaram aproximadamente 12 horas e cobriram uma área de mais de 1.500 Km². Este episódio serve para demonstrar toda a capacidade, o grau de prontidão e de preparo do Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico Brasileiro (SALVAERO), formado por diversas Organizações Militares tendo na ponta da lança, as Unidades Aéreas, as tripulações e as equipes de resgate. É uma cadeia coordenada, organizada e motivada, trabalhando diuturnamente com um único objetivo: "Para que outros possam viver!". Existe um famoso ditado militar que diz que "Você luta como você treina". Esta máxima também é verdadeira quando se trata de salvar vidas humanas. Por este motivo, exercícios como o que está ocorrendo em Florianópolis são tão importantes. É por intermédio deles que a FAB e suas equipes de resgate se capacitam para estar sempre prontas e preparadas para atuar nestas situações.






O 5º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação é herdeiro direto do 5º Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (5º EMRA), ativado em 10 de novembro de 1972, em Santa Maria/RS e recebeu a atual designação em 9 de setembro de 1980. A Unidade é subordinada operacionalmente ao Comando de Preparo (COMPREP) e administrativamente à Base Aérea de Santa Maria (BASM), onde fica sediada. Entre as tarefas realizadas pelo Esquadrão Pantera estão as de Transporte Aeroterrestre, Busca e Salvamento, Ataque, Ligação e Observação e Evacuação Aeromédica. Para cumpri-las, utiliza desde 2011, o Sikorsky H-60L Black Hawk, considerado um dos melhores helicópteros multimissão do mundo, equipados com dois motores General Electric T-700-GE-701C, radar multimodo AN/APQ-174 e que também pode ser armado com duas metralhadoras rotativas General Electric M134 Minigun, com seis canos e calibre de 7,62 mm, instaladas nas janelas laterais da aeronave. O emblema da Unidade trás como elemento central, uma pantera negra com semblante agressivo. O lema do Esquadrão é a expressão "Oigalê Fera!", palavra típica das terras gaúchas, utilizada para exprimir admiração ou temor por algo. Atualmente a Unidade Aérea é comandada pelo Tenente-Coronel Aviador Kleison Reolon, ocupante do cargo desde janeiro deste ano.

O site Aviação em Floripa agradece à Força Aérea Brasileira, através do seu Centro de Comunicação Social (CECOMSAER), ao Comando da Base Aérea de Florianópolis e ao Esquadrão Pantera, através de suas respectivas Comunicações Sociais, pela autorização de acesso, oportunidade do registro de imagens, além das informações prestadas para a realização desta matéria.